
Desde o momento que uma mulher descobre que está grávida, algo muda, e aqui não me refiro apenas dentro dela, mas também ao seu redor. Todos parecem saber o que é melhor, o que ela deve sentir e até mesmo fazer.
As opiniões chegam antes mesmo do bebê, e muitas vezes permanecem por toda a vida. O que quase ninguém vê é o peso invisível que tudo isso carrega.
A maternidade é frequentemente abordada como estado de plenitude, como a elevação do amor, como se isso fosse o suficiente para guiar todos os passos da gestação em diante. Mas a realidade é muito mais complexa e, até mesmo, muito mais humana.
O que acontece quando quando o tal do "instinto materno" não aparece? Ou quando amor existe, mas atravessado por extremo cansaço, insegurança, medo e culpa? Essas são as expectativas invisíveis da maternidade, elas não são ditas em voz alta, mas estão ali. Se fazem presentes nas comparações, nas redes sociais, nos comentários sutis de familiares e até nos próprios pensamentos: Será que estou fazendo suficiente? Será que sou uma "boa mãe"?
No meio da exaustão, das noites mal dormidas, e da tentativa de atender a tantas demandas, surge um sentimento difícil de nomear: o de não se reconhecer. É sobre tentar se reencontrar num corpo, numa rotina e inclusive numa vida que se modificou tanto que se perdeu de vista.
Maternar não é algo que se nasce sabendo, é algo que se aprende. E aprender envolve errar, tentar de novo, se frustrar e se perdoar. Ainda repetir todo o processo incansavelmente. Não existe manual, e o amor, por mais forte que seja não elimina a dúvida, nem mesmo cansaço da vida humana.
Muitas mães carregam o peso da culpa por acreditarem que precisam saber o tempo todo que fazer, mas maternar é sobre aprender junto e se descobrir, até redescobrir, aos poucos e a todo momento. É sobre estar presente, mesmo sem ter todas as respostas .
O bebê cresce e junto dele, crescem ambém o julgamentos:
- Se trabalha fora, é ausente.
- Se fica em casa, é dependente.
- Se coloca limites ,é dura.
- Se é efetuosa demais, é permissiva.
Parece que não há ponto de equilíbrio possível. Nesse momento, é como se todo mundo tivesse um termômetro invisível para medir se você é ou não uma " boa mãe ".
Na adolescência os desafios mudam. Surgem a insegurança e a preocupação entre expressar afeto, enquanto ensina sobre limites, estimular a autonomia e preencher as lacunas do cuidado.
Mas é comum, infelizmente, que muitas mães sigam com aquele sentimento latente: "Quem eu sou além de mãe? "
A questão é que a maternidade é cheia de contradições, amor e cansaço, é cheia de culpa e o seu filho se torna a sua vulnerabilidade.
Porém, é preciso lembrar que "mãe" é um papel dentre todos que você exerce na sua vida, é importante, mas não o único. E reconhecer isso é um ato de coragem, mas não só, é um ato de autoamor. Nem todas as mulheres vivem a maternidade da mesma forma, está tudo bem. É preciso ter em mente que o que uma mãe mais precisa não são receitinhas mágicas, comparações ou julgamento disfarçados de conselhos, nem falta de apoio. O que ela mais precisa é de um espaço seguro para falar, ser acolhida e ouvida.
A boa notícia é que sempre há tempo para recomeçar: com o filho, com o mundo e, principalmente, consigo mesma.
A terapia pode ser esse lugar que servirá de ponto de encontro entre mãe e mulher. Porque cuidar de si também é uma forma de cuidar de quem você mais ama!





