
Simbiose nos Relacionamentos sob a Ótica da Psicanálise
Do ponto de vista da psicanálise, as relações simbióticas podem ser entendidas como um resquício de estágios iniciais do desenvolvimento psíquico, onde a diferenciação entre o eu e o outro ainda não está plenamente estabelecida. Basicamente, a pessoa em uma relação simbiótica idealiza o parceiro, não o enxergando como um indivíduo separado, com suas próprias vontades e pensamentos, mas sim como uma extensão de si mesma, um reflexo de suas expectativas.
Essa dinâmica se origina na fase oral do desenvolvimento, onde o bebê e a mãe (ou o cuidador primário) vivem uma fusão, uma interdependência total. A mãe atende às necessidades do bebê antes mesmo que ele as sinta, criando uma ilusão de onipotência e de que não há separação. Quando essa fase não é bem elaborada, ou quando há falhas significativas na diferenciação entre o eu e o outro, o indivíduo pode carregar para a vida adulta a busca por essa fusão primordial, tentando recriar nos seus relacionamentos a segurança e a plenitude daquele estado inicial.
Vamos analisar as formas de reação simbiótica que você descreveu, sob a lente psicanalítica:
1. Relação Simbiótica Mais Branda: A Frustração da Expectativa Idealizada
Neste caso, a pessoa projeta no outro um "eu ideal", uma fantasia de como o parceiro deveria ser, pensar e agir para satisfazer suas próprias necessidades e desejos. Quando o outro não corresponde a essa projeção, agindo de forma diferente ou não atendendo às expectativas idealizadas, a pessoa experimenta frustração.
Psicanaliticamente, essa frustração é dolorosa porque rompe momentaneamente a ilusão de fusão. É como se a realidade do outro, com sua alteridade e individualidade, invadisse e desestabilizasse a fantasia de um "eu expandido". Essa frustração, embora dolorosa, é um passo crucial para o reconhecimento da alteridade do outro e para o amadurecimento psíquico.
2. Relação Simbiótica que Não Aceita o Diferente: A Ameaça à Identidade Própria
Aqui, a não aceitação da diferença do outro é muito mais intensa. A pessoa sente que a individualidade do parceiro ameaça a sua própria identidade, como se o outro ser diferente significasse uma desintegração do seu próprio eu. A premissa é "ou o outro é como eu, ou não pode ser nada".
Essa dinâmica pode estar ligada a um narcisismo primárionão superado, onde o indivíduo ainda se percebe como o centro do universo e qualquer coisa que não se encaixe nesse modelo é percebida como uma ameaça. A diferença do outro é vista como um ataque, uma desqualificação da sua própria existência. Para manter a coerência interna e a sensação de segurança, a pessoa tenta anular a alteridade do parceiro, exigindo que ele se conforme completamente ao seu mundo interno.
3. Relação Simbiótica que Não Deixa o Outro Ser Ele Mesmo: O Controle e a Anulação
Neste tipo de simbiose, o desejo de controle é evidente. A pessoa ativamente tenta moldar o comportamento e até mesmo os pensamentos do outro para que se encaixem em suas expectativas. Há uma tentativa de anular a subjetividade do parceiro, impedindo que ele se comporte de forma autêntica e independente.
Essa necessidade de controle pode ser interpretada como uma forma de manter a ilusão de fusão e de evitar a ansiedade de separação. Se o outro age de forma autônoma, isso significa que ele é um ser separado, e essa percepção pode gerar uma profunda angústia de abandono ou de perda. Ao controlar o outro, a pessoa tenta garantir que a "extensão de si mesma" permaneça intacta e previsível, evitando o confronto com a própria individualidade e a do parceiro.
Quando o Outro se Torna Eu Mesmo: A Perda da Individualidade
A frase "Quando o Outro se torna eu mesmo" sintetiza a essência da simbiose. Psicanaliticamente, isso significa que a fronteira entre o eu e o não-eu se dissolve. O outro não é reconhecido como um sujeito distinto, com sua própria psique, desejos e limites. Ele é internalizado e transformado em uma projeçãoou em uma extensãodo próprio indivíduo.
Essa fusão imaginária impede o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito à alteridade. Em vez de um encontro entre duas individualidades, o que ocorre é uma tentativa de incorporar o outro ou de ser incorporado por ele, dificultando a autonomia e o crescimento de ambos os envolvidos.
Em resumo, a psicanálise vê a simbiose como um mecanismo de defesa arcaico que impede o amadurecimento e a construção de relações maduras. O caminho para superar essa dinâmica passa pelo reconhecimento da própria individualidade e da do outro, aceitando a frustração inerente à diferença e aprendendo a lidar com a ansiedade de separação.
Você já notou alguma dessas dinâmicas em seus relacionamentos ou nos relacionamentos de pessoas que você conhece?
Enfim…
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Rachel Marinho Aquino Cavalcanti.
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