
Eu nunca fui feliz no CLT. As reclamações, vocês já conhecem: salários ruins, atividades repetitivas, falta de reconhecimento... Mas o que me prendia ali vai um pouco além.
Eu sempre tive muito amor pela psicologia clínica e pelo empreendedorismo. Mas, ao mesmo tempo, era insegura demais para abraçar a oportunidade de ser dona da minha própria carreira.
Eu não tinha coragem de sair do CLT, e dizia para mim mesma que era por causa do dinheiro. Mas isso não era verdade.
Claro que o dinheiro sempre teve um peso importante na minha vida. Mas, na prática, eu poderia ter me planejado, juntado e saído de onde eu já não queria mais estar. Ainda assim, eu não saía.
A decisão veio quando eu percebi que, se eu quisesse ser reconhecida pelo meu esforço, ser desafiada de verdade e ter uma remuneração mais justa, eu precisaria me arriscar. Ela aconteceu depois que eu não recebi um mérito que, sinceramente, eu acreditava merecer.
Foi uma decisão difícil, pois eu realmente amava trabalhar lá. Era estável. Mas eu entendi que o que me prendia não era o emprego. Era a minha insegurança. O medo de perder o controle. O medo de decepcionar. O medo de falhar. O medo de descobrir que talvez eu não fosse tão boa quanto eu (e minhas pacientes!) acreditava.
A verdade é que muitas vezes, criamos barreiras para disfarçar as verdadeiras causas.
Pode ser que o que te prenda hoje seja o salário, os benefícios, os filhos, os financiamentos, a estabilidade ou até o ambiente de trabalho. Mas eu te pergunto: a longo prazo, qual é a vida que você quer? E (com sinceridade) você está fazendo o que é necessário para chegar até ela?
Eu, particularmente, queria uma vida em que eu pudesse viajar muito (minha personalidade não me deixa sossegar 😅). Queria poder acompanhar meus futuros filhos na escola, cuidar da minha casa, do meu corpo, ter lazer, tempo... E eu entendi: nenhum CLT poderia me oferecer esse nível de liberdade. Se eu queria essa vida, eu precisaria me arriscar.
Atenção: aqui, não estou dizendo que você deva tomar decisões impulsivas. Eu levei um bom tempo juntando dinheiro e estudando sobre empreendedorismo até ter a coragem de pedir demissão. Não estou dizendo que você deva ignorar a sua realidade. Mas estou dizendo que você merece construir uma realidade mais próxima da vida que deseja, mesmo que, para isso, você dê passos pequenos.
O tempo vai passar de qualquer jeito. Hora ou outra, você chega onde se propôs.
Então, se o que você busca é um salário melhor para financiar uma casa, se o que você deseja é cuidar da sua saúde, viajar o mundo, ter uma vida fora do trabalho, ser mais reconhecida, liderar uma equipe...
Seja lá o que “vida boa” signifique pra você... será que o que te prende é mesmo a realidade atual? Ou é apenas mais fácil acreditar que está presa?
A vida não é fácil em nenhuma escolha. Então, que pelo menos sejam escolhas que nos aproximem da felicidade.





