
Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), compreende-se que muitos padrões de comportamento, pensamentos e emoções da vida adulta têm origem em experiências precoces que moldaram nossas crenças centrais sobre nós mesmos, os outros e o mundo. Quando uma criança vive situações de rejeição, crítica excessiva, negligência emocional ou falta de segurança, ela tende a internalizar interpretações distorcidas dessas vivências — como “não sou bom o suficiente”, “ninguém vai me amar” ou “não posso confiar em ninguém”. Essas crenças, se não questionadas e ressignificadas, acompanham o indivíduo na vida adulta e se expressam em traços de personalidade que, na verdade, são feridas emocionais não curadas.
Assim, o que muitas vezes chamamos de “jeito de ser” pode ser, na verdade, um mecanismo de defesa criado para sobreviver à dor do passado. A pessoa que parece controladora pode, na verdade, estar tentando evitar o sentimento de impotência vivido na infância; quem busca aprovação constante pode estar repetindo a tentativa de finalmente se sentir valorizado. Na TCC, o processo terapêutico ajuda o indivíduo a identificar essas crenças e comportamentos automáticos, compreendendo sua origem e aprendendo a substituí-los por pensamentos e atitudes mais realistas e saudáveis. Curar as feridas da infância, portanto, não é negar o passado, mas libertar-se dele para viver de forma mais consciente e autêntica.





