
Há fases da vida em que tudo parece suspenso. As respostas não chegam, o rumo se perde, e a sensação é de estar parado em meio a uma estrada sem placas. Nessas horas, surge a angústia — essa presença tão humana que aparece sempre que o controle escapa das mãos.
Na psicologia, compreende-se que a incerteza faz parte da existência. O desconhecido nos confronta com nossos limites e com o medo de errar. No entanto, é justamente nesse terreno incerto que a possibilidade de crescimento se revela. O não saber nos convida à reflexão, à escuta interna, ao encontro com partes de nós que, muitas vezes, ficaram esquecidas enquanto tentávamos seguir um caminho já traçado.
Nem sempre é possível ter clareza sobre o próximo passo, e tudo bem. O processo de se encontrar exige tempo, paciência e autocompaixão. Às vezes, é preciso se permitir estar perdido para se reencontrar de forma mais genuína. Quando aceitamos o não saber, abrimos espaço para novas formas de ser e de viver — e é nesse movimento que o sentido começa, pouco a pouco, a se revelar.
A psicologia nos lembra que a direção não se descobre de fora para dentro, mas do avesso: nasce do silêncio, da escuta e da honestidade consigo mesmo. E, quando nos permitimos esse tempo de maturação, o caminho começa a aparecer — não como uma linha reta, mas como um percurso que se constrói passo a passo, no ritmo possível de cada um.
Não saber para onde ir também é seguir — de um jeito mais humano, mais verdadeiro e mais inteiro.