
Na sessão de terapia, o cliente não é apenas um ouvinte passivo, mas sim o maestro de sua própria orquestra interior. As palavras que ele pronuncia, as histórias que compartilha, são as notas e ritmos que compõem a melodia única de sua vida. O terapeuta, por sua vez, atua como um guia experiente, que não dita a música, mas ajuda o cliente a afinar seus instrumentos, a descobrir novas harmonias e a mapear os caminhos para compor uma sinfonia mais rica e autêntica.
Imagine que, ao falar, o cliente está regendo a si mesmo. Um tom de voz trêmulo pode ser um violino que oscila, expressando vulnerabilidade e medo. Uma risada espontânea pode ser um brilho de metais, indicando alegria e resiliência. A maneira como ele descreve um conflito – se de forma rápida e agressiva ou lenta e ponderada – revela o andamento de suas emoções.
O terapeuta, com sua escuta apurada, percebe essa música transmitida e ajuda o cliente a dar nome às notas e aos acordes. Ele pode dizer: "Percebo que, ao falar sobre essa situação, o seu tom de voz se torna mais urgente, como um tambor que bate mais rápido. O que esse ritmo agitado sugere sobre o seu estado interno?" Ou ainda: "Notei a suavidade na sua voz ao descrever essa memória feliz. Qual instrumento essa lembrança te faz soar?".
Essa abordagem permite que o cliente se reconecte com sua própria música interior, reconhecendo as melodias que o guiam e as dissonâncias que o desarmonizam. Ao se tornar ciente de como suas palavras carregam a essência de suas emoções e experiências, ele ganha a capacidade de modular a sua própria orquestra, escolhendo com mais consciência as notas que deseja tocar e os arranjos que quer criar para sua vida. A terapia, nesse contexto, é o palco onde o cliente, como maestro, aprende a reger a sinfonia única e poderosa de sua própria alma.





