
Nem todas as dores se mostram de forma evidente. Algumas se escondem nas frestas do nosso inconsciente, sussurrando silenciosamente através de sonhos, lapsos, gestos e sintomas que parecem insistir em se repetir. A psicanálise nos convida a escutar essas marcas invisíveis, aquelas experiências que o tempo não conseguiu apagar, mas que continuam a viver dentro de nós.
O trauma não se resume ao evento em si, mas ao modo como ele foi vivido e sentido — algo que ultrapassou nossa capacidade de compreender ou simbolizar. E é justamente por não ter sido totalmente processado que ele insiste em se repetir, encontrando novas formas de expressão.
Muitas vezes, repetimos padrões antigos sem perceber. Relações, escolhas, comportamentos — tudo parece obedecer a uma lógica misteriosa, mas, na verdade, é o inconsciente tentando nos fazer olhar para aquilo que ficou sem ser dito. É como se o passado pedisse passagem para, enfim, ser escutado.
No espaço analítico, a palavra ganha um novo sentido. Falar é revisitar, ressignificar, dar voz ao que foi silenciado. A escuta psicanalítica oferece um lugar seguro para transformar a dor em narrativa, o trauma em compreensão, e o sintoma em possibilidade de vida.Porque o que não foi dito, o inconsciente repete.Mas o que é escutado, pode finalmente se transformar.




