
Você já se pegou rolando a tela do celular sem nenhum objetivo especifico e, quando se deu conta, ja havia se passado horas? Isso é algo muito comum hoje em dia, não é mesmo? Sem querer ser a profeta do apocalipse, mas sabe uma outra coisa muito comum hoje em dia? O vício em telas, o culto ao prazer e o adoecimento mental causado por isso tudo.
Existe uma expressão que vem sendo cada vez mais usada para descrever a sensação de quando ficamos tempo demais rolando tela em redes sociais. É a sensação de “cérebro derretido”. E isso acontece porque nosso cérebro esta inundado de dopamina, um hormônio do prazer que está diretamente ligado ao nosso sistema de recompensa, o mesmo que é ativado quando existe vicio em drogas como a cocaína e o açucar. Sim. A cocaína e o açúcar são comparáveis quando falamos em partes do sistema nervoso que são ativados quando usamos um dos dois (ou por acaso você acorda ansioso de madrugada com vontade de comer alface?).
E assim tambem acontece com o uso excessivo de redes sociais e outros estímulos gerados por jogos ou até mesmo a pornografia. O efeito disso em vidas humanas é a necessidade cada vez maior de estimulos para que sintamos prazer. Acontece que os prazeres provocados pela serotonina, outro hormônio do bem-estar que esta ligado à regulação do sono e do apetite, ficam muito sem graça perto dos intensos prazeres provocados pelo excesso de dopamina. A relação entre esses dois hormônios é complexa, mas o mais importante é saber que, para que haja um nível de prazer constante e uma estabilidade emocional, a serotonina precisa estar em cena e em equilíbrio. O que acaba não acontecendo quando temos excesso de dopamina em nosso organismo.
A sensação de “cérebro derretido” vem junto com uma necessidade cada vez maior de rapidez, intensidade, prazer intenso e repetitivo, sem pausa, sem descanso. As redes sociais estão causando nas pessoas o mesmo sentimento ambivalente de pessoas que tem vícios em drogas pesadas. Os relatos são: “eu sei que é um inferno, mas não consigo parar”.
Como eu disse antes, não quero ser a profeta do apocalipse, mas precisamos falar sobre isso de forma aberta e verdadeira; e colocar essa pauta em discussão pública, além de repensarmos hábitos em nossas vidas individuais. O vício em redes sociais já é uma questão de saúde pública e está prejudicando nossas relações com os outros e com o mundo. Quantas vezes você preferiu ficar em casa em frente a telas do que sair e interagir com pessoas reais? Sabe aquela “preguiça de gente"? Parece estar na moda não gostar de pessoas. E isso é algo muito sério. O isolamento é muito adoecedor. E é preciso fazermos um esforço para não nos deixarmos ser levados por esse engodo das relações pautadas em inteligência artificial e vida instagramável.
Por fim, quero deixar a indicação de uma leitura, que também serviu de inpiração para esse texto. A indicação é o livro “Nação Dopamina”, da Dra. Anna Lembke, professora de psiquiatria e medicina de adicção na Escola de Medicina da Universidade Stanford.
Espero que tenham gostado da leitura e que tenha sido útil de alguma forma para melhorar sua vida e suas relações com o mundo, com a natureza e com pessoas de carne e osso.





