top of page

Por que algumas pessoas buscam alívio em excessos

27 nov 2025

Geovanna Moreira Bastos

Psicoterapia
Terappia Logo

 

Vivemos em uma época em que tudo parece estar ao alcance das nossas mãos: compras em um clique, promessas de felicidade parcelada, slogans que garantem satisfação imediata. Nesse cenário, cresce também a ideia de que certos comportamentos — como o uso de drogas — são respostas simples a problemas simples. Mas a realidade é muito mais profunda. O uso de substâncias não é apenas um hábito, uma “falta de força” ou um rótulo que define uma pessoa. Quando alguém chega ao ponto de se nomear apenas como “dependente”, quase sempre há uma história que ainda não encontrou espaço para ser ouvida.


A verdade é que chamar alguém de “toxicômano” ou “dependente” empobrece sua existência. Reduz o sujeito a um único ato: usar. Como se fosse apenas isso que o compõe. Mas por trás de cada pessoa existe algo singular, uma dor que busca alívio, um vazio que tenta ser preenchido, uma tentativa — até desesperada — de se afastar do sofrimento. O uso da substância, em muitos casos, funciona como uma saída imediata, rápida, sem necessidade de falar ou pedir ajuda. É um jeito curto de calar aquilo que dói demais.


O problema é que esse caminho rápido também isola. A pessoa se afasta de relações, se fecha, perde os laços que antes a sustentavam. Muitas vezes, quem chega a um serviço de saúde chega sem palavras, sem pedido de ajuda, apenas cumprindo uma exigência da família, da justiça ou da vida que virou insuportável. Não há, nesse momento, um pedido claro. Há apenas alguém tentando sobreviver do jeito que dá.


E por que é tão difícil pedir ajuda? Porque pedir exige reconhecer a falta, admitir fragilidade, confiar em alguém. Para muitos, isso parece impossível. A droga aparece então como um alívio imediato, uma tentativa rápida de sentir algo — ou de não sentir mais nada. Ela promete o que nenhum objeto da vida real pode entregar: calma absoluta e satisfação garantida. Mas, como toda promessa exagerada, não se sustenta. A dor retorna, muitas vezes maior.


Nossa sociedade, com sua lógica do “consuma para ser feliz”, reforça essa ilusão. A todo momento somos levados a acreditar que existe um objeto — um produto, um prazer, uma substância — que vai preencher nossas faltas. Mas nenhum objeto dá conta daquilo que é verdadeiramente humano: o desejo, que é sempre incompleto, e a busca por sentido, que jamais se esgota. Por isso, o consumo pode até aliviar por algumas horas, mas raramente responde ao que realmente nos inquieta.


O desafio da psicoterapia — especialmente quando se fala sobre o uso de drogas — é abrir espaço para que o sujeito reapareça por trás do rótulo. Não se trata de tirar a substância à força, mas de criar condições para que a pessoa descubra outros modos de existir, outras formas de falar de sua dor, outros caminhos possíveis. É como se fosse preciso ajudar o sujeito a encontrar palavras onde antes só havia urgência.


Nesse processo, as instituições especializadas têm um papel delicado. Elas podem acolher, oferecer suporte e cuidado, mas também podem, sem perceber, reforçar rótulos que apagam a singularidade de cada um. O trabalho clínico precisa, então, ir além das classificações prontas e enxergar o que está escondido atrás do uso: a história que a pessoa não conseguiu contar, o pedido que não pôde ser formulado, os medos que não tiveram nome.


O caminho da terapia, nesses casos, é o de devolver ao sujeito a possibilidade de se reconhecer como alguém que deseja, que sofre, que busca sentido. É fazer com que, aos poucos, ele possa deixar de se apresentar como “eu sou a droga” para reencontrar um “eu” que estava ali antes, silenciado. Ao oferecer um espaço de escuta, a psicoterapia não promete felicidade instantânea — mas permite que, pela primeira vez, alguém descubra que pode falar, pedir, existir e, sobretudo, não estar sozinho.

 

 

Geovanna Moreira Bastos | Psicóloga e psicanalista - CRP 01/30116

Meu perfil no Terappia: www.terappia.com.br/psi/Geovanna-Moreira-Bastos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#terapia #psicologia #psicoterapia #drogas #vicio #compulsao #impulsividade

 

Últimas publicaciones de este terapeuta

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Bandeiras com todos os cartões de créditos aceitos como forma de pagamento para o Terappia

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Gerente Técnico:
Alex B. de Souza
CRP: 05/36638

Importante: Terappia no es un sitio para ayudar a personas con crisis suicidas. Para este tipo de servicio, recomendamos acceder al sitio web del CVV – Centro de Valorização da Vida en: www.cvv.com.br.

© Derechos de autor
Terapia en línea

Terappia - Todos los derechos reservados - CNPJ: 49.216.775/0001-98

Av. Paulista, 1636 - Cerqueira César, São Paulo - SP CEP: 01310-200
E-mail: terappia@terappia.com.br Telefone: +55 (21) 99985-0091
© 2020-2024

bottom of page