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Ela só queria ser lembrada.

Todos nós temos as nossas próprias necessidades emocionais e ao nos relacionarmos com outras pessoas, acabamos por nos esbarrar com as necessidades emocionais delas.


As nossas necessidades foram se desenvolvendo desde que éramos muito pequeninos, parte por conta do nosso próprio temperamento genético / biológico, parte porque podemos ter recebido elas demais ou de menos dos nossos cuidadores. Só para elucidar um exemplo, se eu tivesse recebido pouca atenção por quem me cuidava na infância e eu já fosse uma criança predisposta a necessitar mais desse olhar, pode ser bem provável que hoje em dia nas minhas relações eu necessite de pessoas que me deem um alto grau de atenção para que eu sinta que estou realmente sendo amado, valorizado, desejado.


Todos nós temos necessidades: alguns mais do que outros. Alguns vão necessitar de maior atenção, outros vão necessitar mais de um abraço e compreensão, outros de palavras de afirmação, alguns outros vão carecer de maior tempo de qualidade consigo mesmo precisando de mais espaço e maior liberdade.


As distorções cognitivas são distorções que fazemos o tempo todo da nossa realidade para que ela se encaixe perfeitamente às nossas crenças mais profundas e, muitas vezes, disfuncionais. Se eu acreditar que ninguém no mundo vai ser capaz de atender a minha necessidade emocional, eu posso começar a distorcer os eventos para fazer com que a minha crença se confirme como verdadeira.


Para simplificar, vou deixar aqui um exemplo.


Luana gostaria muito de ir ao cinema com o rapaz que ela estava conhecendo, estava criando expectativas que os dois poderiam ir juntos num próximo encontro. Certo dia o rapaz lhe mandou uma mensagem dizendo que havia acabado de sair da sessão, ele tinha assistido ao filme que ela tanto queria ir assistir junto com ele. Luana, então, pensou: "Poxa, ele nem se importou em me chamar. Ele não se importa comigo"


Luana tem uma necessidade muito grande de ser lembrada, de se sentir importante pro outro. Ela começou a se sentir muito mal em perceber que ele não havia a considerado o suficiente para convidá-la ou para aguardar até o próximo encontro dos dois para irem juntos, o que foi a deixando angustiada, ressentida, a levando a ignorar completamente o áudio que ele havia gravado para ela a convidando para fazer outras coisas no próximo final de semana.


O problema foi que Luana não estava levando em conta todos os momentos em que o rapaz demonstrava que ela tinha, sim, importância pra ele. Ela desconsiderou todos os eventos positivos e, também, não levou em conta de que ela mesma não havia mencionado em momento algum que gostaria de ir ao cinema junto a ele para assistirem ao filme.


Já ouviu dizer que às vezes somos nós mesmos que complicamos a nossa própria vida? Pois é bem assim que as coisas funcionam, mas claro! Não é de forma intencional.


É importante nos atentarmos que mesmo que todos nós tenhamos necessidades emocionais e queiramos construir relacionamentos saudáveis e satisfatórios com os outros, é de nossa responsabilidade nos assegurarmos que estamos fazendo uma boa manutenção do nosso ambiente para receber a necessidade que é tão valiosa para gente.


Os outros raramente vão saber o que é importante para gente sem que a gente o diga. É uma questão de autorresponsabilidade permitir que o outro tenha acesso ao que é valioso e necessário para nós, e falta dessa autorresponsabilidade quando esperamos que o outro adivinhe o que queremos por parte deles.


Infelizmente, não posso afirmar se é por conta da constante rede que acredita que solicitar por algo é uma cobrança, estamos tendendo a mais esperar que os outros leiam as nossas mentes do que falar diretamente do que é necessário por parte do outro para que nos sintamos bem, tranquilos e, até mesmo, mais felizes.


Mas, Erick, e se o outro não quiser me ofertar aquilo que eu necessito?


Essa necessidade você consegue atender por conta própria? Atenda.


É realmente muito necessário para você nessa sua relação que essa sua necessidade seja ouvida e validada pelo outro?


Se for um sim e o outro não quiser de modo algum se esforçar para atendê-la, cabe a você entender se este é o solo que vai te permitir florescer.


Você tem a autorresponsabilidade de comunicar.


Você tem a autorresponsabilidade de decidir se vai ficar ou partir para outras fontes que podem proporcionar melhor o que você necessita.


A Luana, por exemplo, depois de analisar a situação e confrontar a sua própria distorção de que o outro deveria imaginar o que ela queria, conseguiu aliviar suas emoções e percebeu que apesar do rapaz ter ido ao cinema sem ela, ele se importava o suficiente com ela, que ele demonstrava a importância dela para ele de diversas outras maneiras e, nos próximos eventos, ela fez questão de deixar claro para ele o que ela gostaria, reduzindo bastante as sensações de desamor que ela tinha dentro do envolvimento com ele.


A Luana é uma personagem fictícia, e pretendo criar posts nesse formato onde trarei alguns personagens (até mesmo de alguns livros que estou escrevendo) para elucidar bem o conteúdo para vocês.


Não se esqueçam de deixar suas opiniões nos comentários. Espero ter ajudado.





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