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Esse é sobre um livro e pensamentos sobre a finitude

Gosto de falar de livros por aqui, penso que os livros que leio podem dialogar e atravessar o meu fazer enquanto analista, afinal trabalhamos com a palavra, com o texto que se produz com a fala. Fazemos uma leitura direcionada por uma teoria, mas uma leitura, que vez por outra pede que pensemos na palavra e seus possíveis desdobramentos, que sejamos criativos, que estejamos abertos a ouvir o que vem do outro, sem apressar a escuta, sem colocar os pés pelas mãos e já adiantar uma interpretação.


Ler me faz acessar outros mundos, outras possibilidades, estar em textos aos quais minha mente sequer pensaria acessar, ler pede calma, é uma palavra por vez, uma página por vez, um capítulo por vez, até chegar ao fim da história. No processo minha mente questiona, abre parênteses, cria perguntas, pensa em outros contextos possíveis, mas ao ler, sempre sou lembrada que a história é do autor e é ele quem vai ditar o que vem depois da vírgula, do ponto, da pergunta. E as vezes o livro pega na carne e muda um pouco o meu próprio caminho, minha maneira de nomear as coisas e bom, muda a forma como escuto também.

Foi o caso desse livro, Água fresca para as flores. O livro fala de finitude, tema difícil que me atravessa. Fala do luto, de fins, mas também fala de recomeço, de início, do novo. E por mais que aborde temas sérios, que carregam o peso da violência, da tristeza, da perda, também traz esperança. Ele aborda como é viver amando quem já se foi em corpo, mas permanece em memória, mostra que a vida se apresenta em muitos lugares, não só em um coração batendo. Mostra como é doloroso lidar com o fim, mas que em algumas situações, o fim é também renascimento. E por vezes, algo necessário. Fala do humano e das muitas possibilidades do viver. Das relações. De como o outro pode curar, salvar, mas também machucar e de como é preciso ter cuidado ao se relacionar.


Água fresca para as flores mostra que nem tudo está sob nosso controle, que nem tudo é bonito, fácil, mas que é preciso ter paciência consigo, que tem coisas que precisam ser sentidas, faladas, processadas, para tornarem-se outra coisa, algo possível de carregar consigo sem que pese ou que não pese tanto a ponto de nos derrubar. Que há terras desoladas, secas, sem nutrientes, marcadas pela perda, pelo tempo, por estiagens e tempestades, mas que ao cuidar, com paciência, com carinho, respeito, sem pressa, é possível transforma-lá, é possível plantar sementes e ver flores, frutos, nascerem.

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