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Foto do escritorUstane Moreira

Por que escrever?

Atualizado: 27 de dez. de 2023

Você sabia que escrever traz benefícios para a saúde mental?

Escrita terapêutica

Se você nunca pensou a respeito, você pode ficar desconfiado. Mas, por incrível que pareça, isso é possível!


Há muitas pessoas que dirão que isso não é para ela, que dá muito trabalho e requer muito tempo e, até mesmo que, por não ser muito bom com a escrita e a sua estrutura, não perderá tempo com esse assunto.


Mas, calma!


Gostaria de explicar a finalidade desse tema e o porquê da decisão de falar a respeito.


Essa é uma época do ano muito tensa para uma boa parte das pessoas. Além de contar com uma série de eventos comemorativos, a possibilidade de se reunir e confraternizar com a família, amigos e colegas do trabalho, para algumas pessoas é o momento de se darem conta de que terão que enfrentar situações de estresses com os familiares reunidos, ou mesmo, de que não terão com quem se encontrar. Seja em função dessas condições ou até mesmo de outras, essa é uma época do ano que estatisticamente, problemas relacionados a depressão e ansiedade tendem a se mostrar presentes.


Tendo isso em mente, e com o objetivo de auxiliar àqueles que possivelmente estão se vendo nesta situação, ou até mesmo aqueles que ao longo do ano como um todo, não se sentem à vontade ou não têm condições de procurar por uma ajuda profissional, este “post” tem como objetivo falar a respeito de uma ferramenta muito útil para ajudar a organizar o pensamento e refletir sobre ele.

Não se trata aqui de substituir a consulta psicoterapêutica por essa ferramenta – aliás, o ideal é que se utilize dela quando em processo terapêutico – mas nada impede que a utilize no dia a dia para se autoconhecer e deixar registrado os seus sentimentos.


Trata-se, portanto, da escrita terapêutica.


A escrita terapêutica tem como objetivo não somente possibilitar o autoconhecimento, como também favorecer a alteração de respostas fisiológicas que auxiliam na recuperação de diversas doenças, que não somente as doenças mentais. Isso acontece, porque permite que o escritor seja protagonista de sua história ao reescrevê-la, de forma organizada, sobre o que aconteceu ou está acontecendo consigo.


E como isso acontece? Por que isso é bom?


Uma das respostas de quem pratica a escrita terapêutica é a de que ao escrever sobre o que acontece ou aconteceu com você, o ato de registrar em um papel é uma forma de se afastar daquilo que tanto te incomoda, pois o leva a olhar para o ocorrido como uma lição vida e/ou como uma forma de enxergar, com mais racionalidade, os acontecimentos passados. Ou seja, você se dá a chance de compreender os seus problemas olhando para o que está escrito, com o afastamento necessário - como se fosse uma pessoa de fora -, para encontrar uma solução para ele, a partir de uma perspectiva diferente, ou seja, de um ponto de vista diferente.


Mas e se o que aconteceu comigo foi algo muito doloroso e terrível ao ponto de eu não querer nem sequer pensar a respeito?


Só o fato de você se dar conta de que algo muito doloroso aconteceu com você, já seria um bom motivo para buscar ajuda de um profissional de saúde, para auxiliá-lo a lidar com a situação. E aí, junto ao profissional, poderá ou não utilizar-se dessa ferramenta. Vocês dois definirão o que será melhor.


Mas, agora o meu objetivo é chamar a atenção para os benefícios dessa estratégia, independentemente de você estar ou não em acompanhamento psicológico. O bom mesmo da escrita terapêutica, é a de que você não precisa começar escrevendo sobre aquilo que te machuca imediatamente. É você quem escolhe o tema sobre o qual pretende refletir. Por exemplo, se numa dada manhã, você acordou, viu ou pensou em algo interessante, anote em algum lugar na forma de um lembrete, e na hora que tiver um tempinho livre, abra o seu diário e escreva a respeito. Esse lembrete pode se tornar um tema originado de um sonho, um pensamento, uma frase qualquer que tenha chamado a sua atenção e que de alguma forma fez sentido para você, e que, possivelmente, valeria a pena refletir a respeito.


Você perceberá que no início poderá ser chato, a final de contas, poderá considerar que não sabe escrever bem. Mas não se preocupe com isso. Você escreverá apenas para si mesmo. Seus escritos são apenas seus. Se, por um acaso, estiver fazendo um acompanhamento psicoterapêutico, e entender que vale a pena mostrar ao seu psicólogo, esse será um segredo dos dois e de mais ninguém. E durante sua sessão, poderá explicar-lhe sobre o que escreveu e como se sentiu a respeito, e se, a partir disso, conseguiu dar um significado diferente e, até mesmo, se comportar de uma forma diferente. Os pensamentos que se faz de algo tendem a direcionar a forma como nos comportamos diante de um contexto ou em função daquilo em que se acredita.


Pode-se dizer, que com a prática, seus escritos irão melhorar, pois os seus pensamentos estarão mais organizados. Essa é uma das vantagens da escrita: nos obriga a organiza o pensamento para que faça sentido o que está escrevendo. E, acredite, você será capaz de observar como os seus pensamentos conduzem os seus comportamentos e como esses mesmos comportamentos refletem em seus pensamentos. E a partir daí, caberá a você decidir o que fazer com eles.


Mas o que acontecesse exatamente? Por que escrever?


É comum a qualquer pessoa ter pensamentos formados por distorções cognitivas que a fazem acreditar em algo que na realidade, pode nem estar de fato acontecendo. E ao acreditar nisso, você começa a reagir aos acontecimentos com comportamentos que podem ser prejudiciais ao seu convívio. O problema, é que de tanto acreditar no que pensa, o seu comportamento fica refém desse pensamento, e consequentemente, suas reações passam a ser determinadas pelo que pensa.


Sim! É isso mesmo. As nossas crenças, o que pensamos sobre algo, se reflete em nossos comportamentos. E quando você se permite registrá-lo, você tem a chance de analisá-lo de fora e de perceber se ele faz ou não sentido com o que de fato está acontecendo ao seu redor.


Os pensamentos das pessoas, portanto, têm reflexos em seus comportamentos. Mas o contrário também é verdadeiro. Se você convive em um contexto que se comporta de uma dada maneira, a sua tendência é se comportar e pensar como naquele contexto. E se você se dá a direito de pensar a respeito sobre como se comporta, e consegue refletir sobre o impacto que tem em sua vida, você poderá decidir o que fazer com essa descoberta.


Eu não preciso escrever para analisar o contexto e decidir o que fazer. Por que eu perderia o meu tempo como isso?


Porque quando se escreve você aciona uma séria de recursos internos - cerebrais, e até mesmo fisiológicos -, que o auxiliam no sentido de atentar-se para o quão bom ou ruim é para você aquilo que está vivenciando, e então, com tranquilidade, você pode tomar uma decisão sobre o que fazer com aquilo. Muitas vezes, ao estar inserido em um dado contexto, o seu olhar sobre ele pode se apresentar distorcido em função do que a maioria está acostumado a vivenciar. E, ao se afastar dele, você consegue se colocar na condição de observador para avaliar se aquilo está te fazendo bem, se há como buscar alternativas ou soluções para lidar com aquela situação de maneira satisfatória. A escrita funciona como um lugar onde você pode deixar aquilo que te incomoda arquivado para, no momento oportuno, retornar e avaliar.


De um modo geral, a escrita terapêutica traz benefícios que vão além do autoconhecimento, embora seja um caminho para se chegar a ele. Ser capaz de reconhecer se o que pensa é ou não uma mentira, pode fazê-lo perceber se você está se autossabotando, por exemplo.  Muitas vezes, é preciso se colocar de fora para analisar uma dada situação. Colocar-se de fora é uma forma de fazer uma análise a partir de um ponto de vista diferente. E a escrita é um dos recursos nesse sentido, pois você desacelera o seu pensamento para que ele entre no ritmo que se leva para escrever ou digitar, que é mais lenta. E essa desaceleração é importante, para que possa pontuar os aspectos mais relevantes para você analisar. Mas o bom mesmo, é que você deixa o seu problema escrito para ser capaz de analisá-lo quando estiver a uma distância segura dele.


Experimente! Depois me conte como foi.


Este “post” tem caráter apenas psicoeducativo. Se você tem ciência de que apresenta um problema que requer acompanhamento psicoterapêutico, busque por ajuda de um profissional da saúde. Ou se ainda não se deu conta disso, mas sente que algo não vai bem, procure por orientação. Aquelas pessoas que têm algum problema de saúde mental, por exemplo, no caso de uma depressão não tratada, podem se ver pensando, negativamente, sobre algo e costumam não perceber até que ponto o seu pensamento está correto ou não em relação ao contexto. Chegam ao ponto de não saber mais o que de fato é ruim, e o que não é, e, em função de uma crença negativa, podem acabar por se comportar de maneira autodestrutiva, sem se darem conta de que estão fazendo isso. Se você conhece alguém assim, incentive-a a buscar por auxílio de um profissional.


Ustane Moreira

Psicóloga: CRP 04/14.823

Instagram: @terapiaarteesaude

TikTok: @terapiaarteesaude

Meu link no Terapia, Arte e Saúde: https://terapiaarteesaude.com//profile/ustane


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