
Beber um vinho no fim de semana, tomar um calmante para dormir ou fumar um cigarro ocasionalmente. Essas são situações comuns na rotina de muitas pessoas. Mas em que momento o uso deixa de ser social ou pontual e passa a serabusivo ou dependente?
Essa distinção é fundamental para prevenir problemas de saúde, sofrimento emocional e prejuízos na vida pessoal. ODSM-5-TR(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) oferece critérios claros para identificar quando o envolvimento com substâncias se torna um transtorno.
O que o DSM diz sobre isso?
Segundo oDSM-5-TR, os transtornos relacionados a substâncias são definidos por um padrão problemático de uso, que leva a sofrimento clínico significativo ou prejuízo funcional, podendo variar em grau de gravidade (leve, moderado ou grave).
A classificação do envolvimento com substâncias pode ser dividida em três níveis principais:
1. Uso
É o consumo ocasional ou controlado de uma substância, sem causar prejuízos significativos na vida da pessoa.br>Exemplo: beber uma cerveja no final de semana ou usar um ansiolítico prescrito por curto prazo.
🔸 O uso por si só não configura um transtorno, mas pode evoluir se se tornar mais frequente, compulsivo ou se causar danos indiretos.
2. Uso abusivo (uso nocivo ou problemático)
Neste estágio, a pessoa ainda não é dependente, mas o uso começa a trazer consequências negativas, como:
*Atrasos ou faltas no trabalho
*Discussões com a família
*Desrespeito a normas sociais (como dirigir alcoolizado)
*Uso em situações de risco
*Negligência com obrigações
O abuso pode ser episódico ou frequente, e muitas vezes é negado ou minimizado por quem o pratica. Pode durar anos antes de evoluir para a dependência — ou ser interrompido com ajuda e consciência.
3. Dependência (transtorno por uso de substâncias)
É quando o uso se torna compulsivo, frequente e incontrolável, mesmo diante de consequências negativas. A pessoa:
*Sente necessidade crescente da substância (tolerância)
*Sente mal-estar ou sintomas físicos ao tentar parar (abstinência)
*Faz de tudo para conseguir a substância
*Perde o controle sobre o quanto ou quando consome
*Abandona atividades importantes por causa do uso
*Continua usando mesmo percebendo os prejuízos
Nesse estágio, o uso da substância passa a dominar a vida da pessoa, afetando sua saúde física, mental, relações e rotina.
Por que é importante reconhecer os sinais?
Quanto antes a pessoa identifica que seu uso está se tornando problemático, maior a chance de prevenir um transtorno mais grave.
Muitas vezes, o abuso é mascarado por normalização social (“todo mundo faz”), autoprescrição ou negação do prejuízo.
Quando buscar ajuda?
*Se você sente que não consegue reduzir ou parar
*Se o uso está afetando seus relacionamentos, trabalho ou saúde
*Se você se culpa, esconde ou mente sobre o consumo
*Se há necessidade crescente da substância para obter o mesmo efeito
*Se o uso é feito como fuga emocional ou alívio da ansiedade
Buscar ajuda não significa que você perdeu o controle total — significa que está retomando ele.
Tratamento
A intervenção depende do grau de envolvimento. Pode incluir:
Psicoterapia individual ou em grupo
Terapias específicas para dependência química
Internação ou desintoxicação, em casos graves
Acompanhamento médico e psiquiátrico
Grupos de apoio (como AA, NA, etc.)
Nem todo uso é dependência, mas todo uso merece consciência e responsabilidade. Saber a diferença entre uso, abuso e dependência é o primeiro passo para fazer escolhas mais saudáveis e ajudar quem precisa.
Você não precisa esperar “chegar ao fundo do poço” para buscar ajuda. Se algo está incomodando, falar sobre isso já é o começo da mudança.
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