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O cravo brigou com a rosa...

Como as relações afetivas podem nos afetar...

May 15, 2025

Helen Santos

Saúde mental

O Cravo Brigou com a Rosa: Um Olhar Junguiano sobre a Vida Conjugal

“O cravo brigou com a rosa / Debaixo de uma sacada / O cravo saiu ferido / E a rosa despedaçada.”Essa cantiga infantil, muitas vezes entoada de forma inocente, carrega em si uma poderosa metáfora sobre os conflitos afetivos e os dilemas da vida conjugal. À luz da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, o embate entre o cravo e a rosa simboliza o encontro (e desencontro) entre opostos — o masculino e o feminino, o animus e a anima — que habitam tanto os relacionamentos quanto a psique de cada indivíduo.

Na teoria junguiana, a união entre duas pessoas não é apenas um contrato social, mas um encontro de inconscientes. O casamento torna-se, assim, uma arena simbólica onde os parceiros projetam suas sombras, expectativas, feridas e ideais. O cravo, com sua força, cor intensa e pungência, pode representar o arquétipo do masculino — muitas vezes racional, direto, impulsivo. Já a rosa, símbolo da feminilidade, beleza e sensibilidade, encarna o arquétipo do feminino — receptivo, intuitivo e também profundamente complexo.

Mas quando essas duas forças se encontram sem consciência das suas projeções internas, o amor pode se transformar em campo de batalha. A briga entre o cravo e a rosa pode revelar não apenas as diferenças externas entre os parceiros, mas principalmente os aspectos não reconhecidos em si mesmos — a sombra que o outro reflete.

O casamento exige mais do que amor romântico: exigeindividuação. Para Jung, a individuação é o processo pelo qual nos tornamos quem realmente somos, integrando nossas polaridades internas. Na vida conjugal, isso implica reconhecer que o outro não veio para completar uma falta, mas para espelhar o que ainda não foi visto dentro de nós.

Conflitos no casamento, como os da cantiga, são inevitáveis — mas também são oportunidades de crescimento. Cada desentendimento pode ser um convite ao autoconhecimento, uma chance de compreender o que o outro desperta em nós: por que me sinto rejeitado? Por que a presença do outro me oprime ou me liberta? O que em mim precisa amadurecer para que o amor floresça de forma mais saudável?

Assim como o cravo e a rosa, os casais reais carregam espinhos. Amar é também se ferir — mas é justamente nesse ferimento que se abre espaço para a cura. A vida conjugal é, no fundo, um laboratório da alma: um lugar onde, se houver coragem para olhar para dentro, os dois podem florescer, não como metades, mas como inteiros que se escolhem a cada dia.o aqui...


Um Abraço!


Helen Santos

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