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Quando sentir parece arriscado

Como a busca por controle e perfeição se transforma em um jeito de sobreviver ao próprio vazio

Nov 17, 2025

Geovanna Moreira Bastos

Psicologia
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Há pessoas que vivem como se carregassem uma espécie de dureza por dentro. Sentem que algo as separa das próprias emoções, como se existisse uma distância entre o que acontece e o que elas realmente sentem. Às vezes imagina que poderiam estar tristes, felizes ou até mesmo aliviadas, mas nada chega de fato ao coração. Em vez disso, surge apenas uma necessidade constante de manter tudo sob controle: a casa impecável, a rotina perfeita, o trabalho em dia, cada detalhe no seu devido lugar. É como se organizar o mundo externo fosse uma tentativa silenciosa de compensar um mundo interno que parece inacessível.

 

Com o tempo, essa busca por controle vira companhia constante. A pessoa faz listas, revisa coisas simples várias vezes, confere portas, mensagens, tarefas. A mente fica cheia de pequenos lembretes, e cada falha, por mínima que seja, parece enorme. A ordem vira um porto seguro, como se o excesso de precisão pudesse impedir que algo dentro dela se desorganizasse. É cansativo, mas ao mesmo tempo difícil de largar — quase como se isso garantisse alguma sensação de existência.

 

O imprevisto se torna um inimigo. Uma mudança de planos, uma visita inesperada ou algo fora do lugar pode trazer uma inquietação difícil de explicar. A pessoa tenta esconder, tenta seguir a vida como se estivesse tudo bem, mas por dentro existe uma tensão entre querer que tudo seja perfeito e o medo de que nada realmente faça sentido. Às vezes, ela até se pergunta quem é de verdade quando não está desempenhando tantos papéis rígidos.

 

Nas relações, essa sensação de afastamento interno se estende para o mundo externo. Mesmo cercada de pessoas, a pessoa pode sentir-se deslocada, como se houvesse um vidro entre ela e os outros. A intimidade, que exige entrega e presença, parece assustadora. Não é falta de afeto, mas dificuldade de acessar o próprio sentimento a ponto de compartilhá-lo.

 

Essa desconexão afetiva às vezes leva a escolhas que machucam. Sem perceber, a pessoa pode se aproximar de situações ou relações que reforçam a ideia de inadequação, como se estivesse sempre tentando confirmar uma sensação antiga de não merecimento. É um caminho doloroso que mantém viva a crença de que o afeto é algo distante, quase sempre para os outros.

 

A culpa também se infiltra nesse processo. Ela aparece disfarçada de exigência, de moral rígida, de necessidade de ser forte o tempo inteiro. Ao invés de acolher seus próprios desejos, a pessoa os silencia, acreditando que precisa ser perfeita para ser aceita. Com isso, priva-se de prazeres simples, de descanso, de leveza — como se estivesse sempre devendo algo ao mundo.

 

E mesmo assim, a dúvida nunca vai embora. Ela ronda cada decisão, cada movimento, cada sentimento que aparece. Há uma tensão constante entre manter o controle para não sofrer e o desejo profundo de simplesmente viver, sentir e se permitir existir sem tanta vigilância.

 

No fundo, o que essas pessoas buscam não é a perfeição, mas alívio. Querem poder respirar sem achar que o mundo vai ruir se algo sair do lugar. Desejam uma vida em que seja possível sentir sem medo e se relacionar sem se esconder. A psicoterapia surge justamente como esse espaço: um território seguro onde o vazio pode ser nomeado, a rigidez pode ser compreendida e, pouco a pouco, a pessoa aprende que sentir não é um risco — é um caminho de volta para si.

 

 

Geovanna Moreira Bastos | Psicóloga e psicanalista - CRP 01/30116

Meu perfil no Terappia: www.terappia.com.br/psi/Geovanna-Moreira-Bastos

 

 

 

 

 

 

#terapia #psicologia #psicoterapia #sintoma #emocoes #sentimentos #apatia

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