Responsabilidade afetiva
- Marcus Pasquinelli
- 10 de jun. de 2024
- 2 min de leitura

“Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”. Essa frase é do livro o pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Também tem algumas adaptações para o cinema e um desenho muito legal que eu assistia quando era mais novo. Lembro que quando li o livro pela primeira vez essa frase não me disse muito, provavelmente eu era menos empático e não tinha as noções de responsabilidade que o existencialismo me deu anos mais tarde. O fato é que responsabilidade afetiva passa a existir a partir do momento que cativamos alguém, como na frase do pequeno príncipe.
E isso não deve ser visto como um peso, como uma obrigação, mas como parte das nossas relações emocionais com o próximo. Vou generalizar de proposito, mas a maioria não tem responsabilidade nem sobre si mesmo, o que sente e faz, estamos sempre terceirizando responsabilidades e culpando o externo. E em vista das relações frágeis que vivemos hoje, não assumir a responsabilidade por cuidar emocionalmente do outro é o que mais acontece. Infelizmente, muitas pessoas são machucadas, magoadas, traumatizadas por outras pessoas que não se conhecem o suficiente para serem claras sobre o que desejam e sentem.
É claro que nós mudamos, e o que pensamos e sentimos também muda, mas a questão é ser sincero com o outro, não alimentar falsas expectativas sobre o que quer. Ninguém é obrigado a sentir o que não sente e querer o que não quer, mas tem a responsabilidade de comunicar ao outro essas coisas. É tido como senso comum que os homens agem com menos responsabilidade afetiva nas suas relações, mas a realidade é que nosso tempo produz menos responsabilidade afetiva de pessoas num geral.
O que podemos fazer? Ser claros quanto ao que queremos e não queremos, não alimentar expectativas do outro sobre nós se não vamos dar conta disso, ter a empatia de se colocar na posição do próximo, tratar os sentimentos dos outros com seriedade e transparência, sempre comunicar quando algo mudar. São pequenas coisas que se praticadas pode fazer nossas relações serem mais verdadeiras e leves e que nos magoemos e magoemos menos o outro, o que é um ganho tremendo.
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