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A comparação como forma de sofrimento

O grande perigo!

14 de nov. de 2025

Gustavo Gonçalves Oliveira

Autocuidado
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Comparar-se virou hábito involuntário. A gente faz sem perceber. Olha para o lado e tenta medir valor, sucesso, beleza, inteligência, felicidade. E quase sempre perde. Não porque o outro é melhor, mas porque nos comparamos a versões editadas, filtradas e cuidadosamente escolhidas da vida alheia.

 

A comparação dói porque toca num lugar íntimo: a dúvida sobre quem somos e se é suficiente. Cada vitória de alguém vira um lembrete do que “deveríamos ter feito”. Cada conquista vira uma cobrança silenciosa. E, de repente, a vida deixa de ser vivida por dentro e passa a ser avaliada de fora.

 

Em terapia, isso aparece muito. Gente esgotada porque sente que está sempre atrasada, sempre aquém, sempre “correndo atrás”. Gente que se culpa por não ter as mesmas facilidades, oportunidades, energia ou até o mesmo corpo. E a verdade é que cada um carrega uma história que o outro não vê. Comparar trajetórias diferentes parte de um ponto injusto.

 

A comparação também vira anestesia. Quando não queremos olhar para a nossa dor, olhamos para a vida dos outros. Quando evitamos o desconforto de perguntar o que realmente desejamos, perguntamos por que não somos como eles. A comparação oferece distração, mas cobra caro: a perda de autenticidade.

 

No fundo, a pergunta não é “por que não sou como o outro?”, mas “por que não estou me permitindo ser eu?”. A comparação só machuca porque toca naquela parte nossa que ainda acredita que existe um jeito certo de viver, um tempo ideal, um manual invisível. Não existe.

 

E quando a gente começa a se olhar com mais honestidade e menos julgamento, a comparação perde força. Não desaparece — somos humanos — mas deixa de ser uma sentença. Vira apenas um sinal de que, talvez, precisamos voltar para dentro, para o lugar onde as respostas realmente fazem sentido.

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