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A traição virou conteúdo: quando o fim do amor rende engajamento

Infidelidades expostas nas redes sociais, saúde mental em colapso e o curioso fenômeno da ascensão digital pós-traição.

15 de jul. de 2025

Thaíse Cavalcante

Saúde mental
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Quem diria que o maior medo da vida amorosa — ser traída — agora poderia render... um aumento de seguidores?


Nos últimos meses, as redes sociais se tornaram palco de separações dignas de novela. Só que ao invés de cortes dramáticos e trilha sonora triste, o que se vê são stories, vídeos com desabafos, dossiês em PDF e até rebranding de imagem. A traição saiu do campo íntimo e foi parar no feed — com direito a plot twist, opinião pública e uma nova carreira como influencer.


Traições sempre foram dolorosas. Mas, no cenário atual, a dor vem com plateia. E esse fenômeno diz muito sobre a forma como vivemos os relacionamentos — e como lidamos com a saúde mental no meio digital.


A era da traição em HD


Não se trata mais apenas de ser traída. Trata-se de descobrir a traição enquanto o público também descobre. E de ver seu nome (e seu choro) rodando em páginas de fofoca, vídeos no TikTok e memes no Twitter/X. A exposição é tão rápida quanto brutal — e o impacto psicológico dessa quebra de privacidade é, muitas vezes, ignorado.


Ansiedade, crise de identidade, humilhação pública e hiperexposição de um trauma ainda em curso. E o pior: tudo sob os olhos atentos de milhares de estranhos, que formam torcidas, julgam decisões e esperam um pronunciamento, como se o coração partido tivesse assessoria de imprensa.



De traída a trend: o fenômeno das novas influencers emocionais

Apesar do caos, algo curioso tem acontecido: muitas das mulheres que foram expostas em histórias de traição estão ganhando fama. Literalmente. O Instagram lota de novos seguidores, convites de marcas, convocações para podcasts e entrevistas. A narrativa muda. A traída vira símbolo de superação, ganha voz, vira referência de autoestima (e às vezes, sim, faz disso um novo trabalho).


Não é exagero dizer que nasceu uma nova categoria de influencer: a influenciada pela própria dor. Só que isso também levanta uma questão: a fama pós-trauma cura ou mascara? Quando a narrativa pública de superação se sobrepõe à dor real, corre-se o risco de pular etapas importantes do processo emocional. Afinal, nem sempre o número de seguidores acompanha o tempo interno de luto.



A internet como palco do colapso emocional

A viralização de traições diz mais sobre o comportamento coletivo do que sobre os casais em si. A dor do outro virou conteúdo — e, em certa medida, entretenimento. As redes incentivam o espetáculo: quanto mais drama, mais cliques. E quanto mais público, mais pressão para mostrar força, superação e resiliência, mesmo quando o emocional ainda está em frangalhos.


Nesse jogo, a saúde mental muitas vezes fica em segundo plano. Não há tempo para sentir, só para reagir. Não há espaço para fragilidade, só para estética do empoderamento. E isso pode ser tão adoecedor quanto a própria traição.



Entre o cancelamento e o carinho digital

Por outro lado, há também apoio. Há empatia. Há mulheres sendo acolhidas por outras mulheres. Há troca, desabafo e identificação. Mas o ponto de atenção é: nem todo mundo quer ou consegue viver o fim de um relacionamento como se fosse uma temporada de reality show. Nem todo mundo quer ser símbolo de nada. Às vezes, só se quer silêncio, privacidade e tempo.


A traição virou assunto coletivo. Mas a dor ainda é pessoal. E merece ser tratada com respeito — longe dos filtros e likes, e, talvez, com a ajuda de quem escuta sem julgar nem publicar: a terapia.


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