
Vivemos um tempo de aceleração, incertezas e transformações profundas. A avalanche de informações, crises políticas, desastres ambientais e conflitos sociais tem gerado uma sensação constante de alerta - quase uma epidemia de ansiedade que atravessa gerações e fronteiras.
Na perspectiva da psicologia , especificamente a abordagem junguiana, essa crescente ansiedade não é apenas um reflexo de fatores externos, mas também um sinal de que a sombra coletiva está transbordando - e requer atenção consciente. Em 2019, a OMS já apontava o Brasil como o país com mais pessoas ansiosas no mundo, com 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) com pessoas convivendo com algum tipo de ansiedade .
Na visão da psicologia junguiana, a sombra contém nossos conteúdos reprimidos: medos, impulsos, preconceitos e fragilidades. Quando carregamos essas sombras individualmente e, mais ainda , quando a sociedade as carrega coletivamente, tendemos a projetá-las no "outro": ideologias, etnias, grupos e figuras públicas.
Essa dinâmica cria um clima coletivo de ameaça percebida, que ativa os sintomas ansiosos em escala ampla. A ansiedade se torna, assim um sintoma social, sinalizando que algo dentro de nós - e de nossa cultura - pede integração e reconhecimento.
Porém há caminhos para a integração e alivio como:
. Reconhecimento consciente : reconhecer nossos medos mais profundos e questionar as projeções no outro;
. Espaços de escuta e diálogo: a sociedade precisa de espaços onde as diferenças sejam acolhidas com empatia. O encontro humano é antídoto poderoso para a desconfiança;
. Cuidado psicoterapêutico: a psicoterapia é um percurso de autoconhecimento e integração, onde a ansiedade deixa de ser apenas sintoma para se tornar um caminho de autocompreensão;
. Desconexão digital consciente: O uso intenso de tela está relacionado ao aumento da ansiedade, especialmente entre jovens. Atividades offline, como leituras, caminhadas, conversas presenciais , podem diminuir esse impacto.
Reflexão
A ansiedade coletiva que nos atravessa não é apenas um problemas individual, é um convite para despertar. Para reconhecer nossa sombra, olhar para dentro com coragem e construir uma cultura mais consciente. Quando começamos a acolher nossas fragilidades , criamos um espaço para a empatia , para a escuta verdadeira e para as relações mais humanas.
"Aquilo que não enfrentamos em nós mesmos, encontraremos como destino". Carl G. Jung
@psisuelisalles




