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Por que muitas vezes não temos a sensação de pertencimento a um lugar?

12 de nov. de 2025

Psicóloga Andreza Fonseca Lima -CRP 11/23449

Psicoeducação
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Em algum momento da vida, todos nós já nos sentimos deslocados. Como se estivéssemos presentes, mas não completamente incluídos. Como se algo em nós estivesse sempre do lado de fora — da família, do grupo, do trabalho, das relações. Essa sensação de não pertencimento é mais comum do que parece, e na psicanálise, ela revela muito sobre a forma como construímos nossa identidade e nossos vínculos.

 

Desde a infância, o ser humano precisa de reconhecimento. É no olhar do outro que o sujeito começa a se perceber como alguém. Quando a criança é escutada, acolhida e validada, ela cria uma base interna de segurança: “Eu existo, eu tenho um lugar.” Mas quando esse olhar não vem — quando há rejeição, indiferença ou negligência emocional — o sujeito cresce tentando encontrar, em todos os lugares, o pertencimento que não experimentou na origem.

 

A ausência desse reconhecimento inicial faz com que o adulto busque incessantemente aceitação, muitas vezes moldando-se para caber em ambientes, relações ou padrões que não refletem quem ele é. O problema é que esse tipo de pertencimento é sempre frágil, porque depende da aprovação do outro. O sujeito sente que nunca é o suficiente — e, por mais que esteja rodeado de pessoas, permanece sentindo-se só.

 

Na visão psicanalítica, esse vazio está ligado ao que chamamos de falta simbólica. É um espaço que todos temos — e que nos constitui como sujeitos desejantes. No entanto, quando a falta é marcada por abandono ou rejeição, ela deixa de ser apenas parte da condição humana e passa a ser vivida como um buraco que nunca se preenche.

 

A psicanálise não promete um pertencimento externo, mas ajuda o sujeito a encontrar um lugar interno, simbólico, onde ele possa se reconhecer. Através da fala, o indivíduo começa a compreender suas repetições, suas buscas, e a se apropriar da própria história. E é nesse processo que surge algo muito bonito: o pertencimento não mais como dependência do outro, mas como reconciliação consigo mesmo.

 

Pertencer, afinal, não é se encaixar — é poder estar onde se é, sem precisar se perder para isso.

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