top of page

Quando a Mulher Deixa de Ser Objeto: Feminilidade, Desejo e Voz Própria

Como a psicanálise e o feminismo nos ajudam a pensar o corpo, o desejo e o lugar das mulheres hoje

24 de nov. de 2025

Geovanna Moreira Bastos

Mulher
Terappia Logo

A maneira como enxergamos as mulheres e seus corpos mudou muito ao longo dos anos, mas ainda traz marcas de antigas expectativas. Durante muito tempo, a ideia de “mulher” foi tratada como algo definido, fixo, quase como um modelo pronto ao qual todas deveriam se ajustar. A psicanálise e o feminismo, cada uma a seu modo, questionaram essa visão, mostrando que não existe uma forma única de ser mulher. Cada experiência é singular, e nenhuma identidade dá conta da complexidade da vida feminina.

 

A psicanálise traz uma contribuição importante ao afirmar que não existe “A Mulher” como um todo fechado. Isso significa que não há uma essência feminina que valha para todas. Cada mulher constrói sua maneira de se relacionar com o corpo, com o desejo e com o outro. Essa ideia abriu espaço para pensar a feminilidade não como um destino, mas como um caminho que cada uma inventa no próprio viver.

 

Já o feminismo atual tem levantado uma questão que ganhou enorme força: o incômodo de ser tratada como objeto. Essa discussão aparece tanto nas redes sociais, em movimentos como “meu corpo, minhas regras”, quanto em debates sobre assédio, padrões de comportamento e até sobre roupas. Em todos esses contextos, a mensagem é clara: não é o outro que define o valor, o corpo ou o desejo de uma mulher.

 

Um ponto interessante é perceber como as roupas se tornaram parte desse debate. Para muitas mulheres, escolher o que vestir é mais do que uma questão estética; é uma expressão de si mesma diante do mundo. Vestir-se de um jeito ou de outro não deveria ser interpretado como “pedido” ou “convite” por ninguém. Mas, por muito tempo, a sociedade atribuiu às roupas femininas significados que serviam mais ao olhar masculino do que ao desejo da própria mulher.

 

Exemplos recentes mostram essa mudança. Marchas e protestos em que mulheres vestem determinadas cores ou roupas para denunciar abusos mostram como o corpo passou a ser também um espaço de expressão e reivindicação. A discussão não gira apenas em torno do vestuário, mas do direito de uma mulher existir sem ser vista como objeto a ser interpretado, controlado ou julgado.

 

Essa transformação também afeta o modo como entendemos o desejo. Muitas vezes, o desejo feminino foi explicado a partir do desejo masculino — como se o olhar do outro definisse quem ela é ou o que ela quer. A psicanálise mostra que isso não dá conta da complexidade das mulheres. Há sempre uma parte da experiência feminina que escapa às expectativas e às tentativas de encaixe. Algo que pertence somente a ela, que não pode ser reduzido ao que o outro imagina.

 

Quando olhamos para o cenário atual, percebemos uma busca crescente por autonomia. Não se trata apenas de exigir respeito, mas de afirmar que o desejo de uma mulher não se confunde com o desejo que projetam sobre ela. Esse movimento abre espaço para escolhas mais livres, menos presas aos padrões e às cobranças que, por décadas, moldaram comportamentos e silenciaram experiências.

 

O que podemos levar disso para a psicoterapia? Em primeiro lugar, a ideia de que cada mulher chega com sua própria história, singular e irredutível. Não existe manual, não existe identidade pronta. O trabalho terapêutico reconhece essa singularidade e convida cada pessoa a descobrir sua própria forma de viver o desejo, o corpo e as relações, sem se deixar limitar por rótulos ou expectativas externas.

 

Em um mundo que ainda tenta encaixar mulheres em moldes definidos, tanto a psicanálise quanto o feminismo lembram que nenhuma vida cabe em modelos prontos. O caminho é construído no encontro com o próprio desejo, com a própria voz e com aquilo que nos torna únicos — mesmo quando o outro tenta definir quem devemos ser.

 

 

 

Geovanna Moreira Bastos | Psicóloga e psicanalista - CRP 01/30116

Meu perfil no Terappia: www.terappia.com.br/psi/Geovanna-Moreira-Bastos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#terapia #psicologia #psicoterapia #feminino #mulher

 

Últimas publicações desse Terappeuta

bottom of page