Certa vez, li uma citação em um livro que ampliou minha visão sobre a vida e o viver. Era um trecho do discurso “Cidadania em uma República”, também conhecido como “O Homem na Arena” — particularmente, gosto mais desse segundo título.

Resumidamente, a citação dizia que o crédito pertencia àqueles que se sujavam de poeira, suor e sangue. Que, apesar das adversidades que pudessem encontrar na arena da vida, estavam por inteiro — mesmo que isso significasse falhar em suas peripécias, enfrentar seus medos, sentir dores. Tudo isso, pois, na melhor das hipóteses, quem sabe, poderiam triunfar.

O ser humano procura respostas para seus dilemas. Buscamos padrões, analisamos, planejamos, a fim de encontrar “acomodação” — um lugar onde nossos pensamentos possam repousar, algo que represente a peça do quebra-cabeça que nos faltava. Queremos, a todo custo, prever o que está por vir. Talvez tenha sido isso que, individualmente e enquanto humanidade, nos trouxe até aqui.

O grande problema acontece quando nos deparamos com um evento em que não é possível encontrar soluções óbvias. Quando todas as análises e planejamentos já foram feitos, mas a sensação de segurança e previsibilidade não aparece. Nosso corpo entra em combustão, os pensamentos e sentimentos se entrelaçam como um novelo de lã, tudo fica confuso e, por vezes, é nesse momento que o corpoparalisa.

Mas adivinha: apesar do que nos dizem, não é possível prever tudo. É ilusão acreditar que as coisas nunca sairão do nosso controle. Algumas coisas simplesmente precisam ser experimentadas, vividas — mesmo quando o medo grita e a espinha transmite ao corpo, em tremores, as suas incertezas.

Na mitologia grega, podemos observar diversas histórias que nos remetem a esse processo: essa jornada para enfrentar os nossos desafios, sejam eles externos ou internos. Independente da origem do desafio, ninguém sai o mesmo após se jogar em suas travessias.

Talvez este texto seja apenas um convite para que você se escute mais, viva mais — e lembre-se: as respostas sobre o amanhã, por vezes, só chegam no amanhecer de outro dia.

A vida não é uma corrida.