
A autoestima é algo que todos nós desenvolvemos ao longo da vida. Desde a infância até a velhice, passamos por várias fases que influenciam como nos vemos e nos valorizamos.
Na infância, a autoestima começa a se formar a partir das primeiras interações com nossos pais e cuidadores. Freud acreditava que o ambiente familiar é crucial para construir a nossa autoimagem. Melanie Klein, outra importante psicanalista, destacou que a relação com a mãe e as experiências de carinho e cuidado são fundamentais para nos sentirmos valiosos. Segundo Klein, internalizar bons sentimentos desde cedo é essencial para uma autoestima saudável.
Durante a adolescência, essa construção torna-se mais complexa. É uma fase em que buscamos nossa identidade e nos confrontamos com as expectativas sociais. Jung sugeria que o desenvolvimento da nossa personalidade única é crucial nessa etapa. As crises típicas da adolescência são vistas por ele como oportunidades de crescimento. Bion, outro teórico, enfatizava a importância de entender e processar nossas emoções para fortalecer a autoestima nessa fase.
Na idade adulta, a autoestima é frequentemente desafiada por responsabilidades e expectativas sociais. Lacan introduziu a ideia de que construímos nossa identidade a partir da imagem que os outros têm de nós. Nessa fase, é comum lutarmos entre o que somos e o que gostaríamos de ser, e encontrar um equilíbrio é fundamental para uma autoestima saudável. Rogers, com sua abordagem focada na aceitação e empatia, defendia que aceitar quem somos é crucial para desenvolver uma autoestima positiva.
Finalmente, na velhice, a autoestima pode enfrentar novos desafios, como a aposentadoria, mudanças na saúde e a perda de entes queridos. No entanto, essa também é uma fase de potencial integração e sabedoria. Tanto Freud quanto Jung reconheceram a importância de refletir sobre a vida e aceitar a mortalidade para fortalecer a autoestima. Rogers destacou a importância de reconhecer nossas realizações e manter relações significativas para preservar uma autoestima saudável na velhice.
A construção da autoestima é, portanto, um processo contínuo que reflete nossas interações com o mundo e conosco mesmos ao longo da vida. Cada etapa traz desafios e oportunidades únicas, e compreender esses processos através das ideias dos teóricos da psicanálise nos oferece valiosos insights para promover uma autoestima saudável em todas as fases da vida.
Referências Bibliográficas:
Bion, W. R. (1962). Learning from Experience. London: Heinemann.
Freud, S. (1923). The Ego and the Id. SE, 19: 1-66.
Jung, C. G. (1963). Memories, Dreams, Reflections. New York: Vintage Books.
Klein, M. (1946). Notes on Some Schizoid Mechanisms. International Journal of Psycho-Analysis, 27: 99-110.
Lacan, J. (1949). The Mirror Stage as Formative of the I Function as Revealed in Psychoanalytic Experience. Écrits: A Selection, 1-7.
Rogers, C. R. (1951). Client-Centered Therapy: Its Current Practice, Implications, and Theory. Boston: Houghton Mifflin.
Rogers, C. R. (1980). A Way of Being. Boston: Houghton Mifflin.ston: Houghton Mifflin.




