
Nas redes sociais, tudo parece caber em um enquadramento perfeito: viagens, conquistas, corpos, sorrisos. Rolamos a tela e, sem perceber, começamos a medir nossa vida com a régua do outro. Surge, então, o mal-estar: a sensação de estar sempre aquém, de nunca ser suficiente.
Não se trata apenas de vaidade. O que se atualiza ali é o ideal de eu — essa imagem perfeita que construímos de nós mesmos e que, inevitavelmente, fracassamos em alcançar. Cada foto impecável que vemos reforça o abismo entre quem somos e quem acreditamos que deveríamos ser.
A comparação constante alimenta o narcisismo, mas também o fere. Ela nos prende em uma corrida sem linha de chegada, em que cada vitória logo parece pequena diante do próximo ideal.
A psicanálise nos convida a uma virada: em vez de perseguir imagens inalcançáveis, aprender a sustentar a própria diferença. Reconhecer que não somos feitos para a perfeição, mas para a singularidade. E é justamente nessa imperfeição — crua, viva, real — que a vida encontra espaço para pulsar.





