
Vivemos sob a pressão da felicidade constante. A sociedade contemporânea exige prazer ininterrupto, sucesso permanente, entusiasmo contínuo. Mas a vida real não funciona assim. O mal-estar é inevitável, inerente à condição humana.
Na perspectiva psicanalítica, o desconforto não é um erro, um defeito ou algo a ser eliminado: ele é terreno fértil para o desejo, para a reflexão e para a singularidade do sujeito. Tentar apagá-lo é negar nossa própria existência e reduzir a riqueza da experiência humana a uma performance de felicidade.
Aceitar o mal-estar é, paradoxalmente, encontrar liberdade. É reconhecer que a felicidade não é um estado estático, mas um lampejo que ganha sentido na presença da incompletude, da falta e da tensão interna que nos move. A vida não é uma sequência de momentos agradáveis, mas um percurso singular em que a dor e o prazer se entrelaçam, revelando nossa profundidade.





