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Quando o Prazer Vira Prisão: O Impacto dos Vícios Comportamentais como os Jogos de Aposta

Entre a ilusão do controle e a necessidade de escape, os vícios comportamentais revelam dores invisíveis que precisam ser ouvidas.

3 de jun. de 2025

Gessica Oliveira

Psicologia
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Vivemos em tempos em que o prazer instantâneo está a poucos cliques de distância. Com um toque no celular, a adrenalina corre solta: apostas esportivas, roletas virtuais, cassinos online. Para muitos, é só diversão. Para outros, uma armadilha sutil e silenciosa.

Os vícios comportamentais — como o jogo patológico — não envolvem substâncias químicas, mas produzem reações similares no cérebro: descarga de dopamina, sensação de recompensa, euforia momentânea. A diferença? O vício não está em uma droga, mas em um comportamento que, repetido compulsivamente, se torna um ciclo de sofrimento.

Quando o controle se perde

No início, o jogo oferece alívio, excitação, talvez até esperança. A promessa de um grande prêmio. O problema é que a sorte não é parceira fiel. O jogador, então, insiste. Insiste para recuperar o que perdeu. Insiste porque não consegue parar. E assim, entra-se no ciclo da compulsão.

O vício em jogos de aposta pode comprometer relacionamentos, causar dívidas, afetar o trabalho e corroer a autoestima. É um sofrimento muitas vezes invisível, silencioso, envergonhado. E pior: ainda romantizado por propagandas que associam aposta ao sucesso, à esperteza, ao prazer.

O que leva alguém a apostar compulsivamente?

A resposta nunca é simples. Pode haver um histórico de impulsividade, traços de ansiedade, depressão, carência afetiva, dificuldades financeiras ou um desejo profundo de anestesiar a dor da vida. O jogo, nesse contexto, é um atalho que promete muito — mas cobra caro.

E há saída?

Sim, há. Mas ela começa com um passo difícil: reconhecer que há um problema. A partir daí, é possível buscar ajuda profissional — psicoterapia, grupos de apoio, tratamento multidisciplinar. O foco não é proibir o prazer, mas restaurar o controle. A liberdade.

Uma última reflexão

O vício não define ninguém. Ele é, muitas vezes, uma tentativa desesperada de sentir algo — ou de não sentir mais nada. Escutar essas dores com empatia, sem julgamento, é o primeiro passo para que o sofrimento dê lugar à reconstrução.

A pergunta que fica é: o que estamos buscando quando apertamos o botão "apostar"? E será que não há outra forma de preencher esse vazio que o jogo insiste em prometer resolver?

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